A gestão de recursos
humanos tem tradicionalmente considerado como sua área de intervenção e
investigação a actuação sobre características dos recursos humanos internos de
uma organização. No entanto, as pessoas fluem através das organizações,
atravessando normalmente várias organizações ao longo da sua vida activa. A
passagem por organizações singulares altera de forma significativa as
características individuais dos recursos humanos: qualificações, experiência,
atitudes modificam-se ao longo dos percursos individuais. No entanto, porque
este percurso, por definição, acontece através de várias organizações, ele é
invisível para as organizações individualmente consideradas e não é portanto
objecto de reflexão e intervenção por parte da gestão de recursos humanos. Este
processo é interessante quer do ponto de vista económico, quer social, quer
psicológico. Ele é de particular relevância se pensarmos no empreendedorismo e
nos empreendedores. As pequenas ou as muito pequenas empresas são muito
vulneráveis à qualidade dos recursos humanos disponíveis numa sociedade: não
tendo capacidade, pelo menos inicialmente, de investir fortemente na formação
ou mesmo em bons sistemas de recrutamento, selecção e retenção dos recursos
humanos, elas estão dependentes da maior ou menor abundância das
características desejáveis no seu contexto próximo. A constatação desta
dependência implica uma reflexão sobre a natureza da responsabilidade social
das empresas, no que respeita à capacidade de um tecido económico se regenerar
através das iniciativas de empreendedores individuais. E implica também uma
reflexão sobre o âmbito adequado das teorias e modelos da gestão de recursos
humanos, sugerindo que este âmbito pode e deve ser alargado para integrar nas
práticas de gestão de recursos humanos práticas de gestão social das carreiras
individuais.
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